quinta-feira, 29 de julho de 2010

Gramsci: Odeio os indiferentes


Antonio Gramsci

11 de Fevereiro de 1917


Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.


A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.


A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar.


A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso.


Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis.


Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.


A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes.


Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.


Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir.


Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.


Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.


Primeira Edição: La Città Futura, 11-2-1917

Origem da presente Transcrição: Texto retirado do livro Convite à Leitura de Gramsci"

Tradução: Pedro Celso Uchôa Cavalcanti.

Transcrição de: Alexandre Linares para o Marxists Internet Archive

HTML de: Fernando A. S. Araújo



domingo, 18 de julho de 2010

ANISTIA, 30 ANOS DEPOIS



Por Augusto de Paula*


Que anistia temos e a que sempre desejamos e lutamos.


O movimento da anistia surgiu na segunda metade dos anos 70, inicialmente de forma tímida e com alguma resistência por parte mesmo de alguns segmentos da esquerda. A luta pela anistia nasce com o Movimento Feminista Brasileiro tendo à frente Tereza Zerbini líder e fundadora do Movimento Feminino pela Anistia no Brasil. Só alguns anos depois, isto é, em 1978, é que são criados os Comitês Brasileiros pela Anistia em todo o Brasil.


É importante buscar entender a anistia dentro de suas limitações, alias, elas são grandes, mas no primeiro momento não foram percebidas.


A anistia que em princípio significa perdão concedido pelo poder público em nome da harmonia social, teve, contudo, entre nós, outro significado: na época, os militares ainda detentores do poder - poder usurpado do povo com o golpe de 64 -, buscou muito mais encontrar um ponto comum ente os perseguidos políticos e seus torturadores, nas perspectivas da entrega do poder aos civis,isto porque já era impossível continuar a governar o país com a ditadura.


Enquanto os movimentos populares e organizados lutavam por uma anistia ampla e irrestrita, o governo, com seus aliados, restringiam o seu alcance, excluindo os militantes oposicionistas da ditadura militar que pegaram em armas, e incluíam de forma sórdida seus algozes, os verdadeiros terroristas que o Brasil conheceu: os TORTURADORES.


Essa situação se torna muito mais evidente depois de quase 30 anos da anistia quando ainda se discute se é possível ou não processar e julgar os torturadores. E toda essa discussão chegou, inclusive, ao Supremo Tribunal Federal - STF.


Outra coisa importante para se compreender verdadeiramente a anistia no Brasil é retornar as discussões travadas no fim dos anos 79 quando foi promulgada a Lei da Anistia, sob a força de toda a mobilização nacional em torno da bandeira da ANISTIA AMPLA GERAL E IRRESTRITA.


Aqui vale um parênteses – Theodomiro Romeiro dos Santos foi o primeiro brasileiro condenado à morte naquele período, com base na famigerada Lei de Segurança Nacional. Sua pena tinha sido comutada por prisão perpetua e mais tarde reduzida para trinta anos. Depois de nove anos de cumprimento de pena, mais as reduções e, por conta da nova Lei, foi requerida à sua liberdade condicional. O juiz auditor em conversa com os advogados e familiares, inicialmente, afirmou que tudo que fosse requerido e estivesse dentro da Lei seria concedido, só que, depois, em despacho, ele afirmou: “se o governo não vai conceder anistia ampla e geral, não iria soltar Theodomiro”.


A decisão do juiz auditor, bem como suas declarações, fizeram com que a busca da liberdade como dizíamos na época, se tornasse realidade e Theo, como era chamado pelos amigos, saiu da Lemos Brito buscando exílio na Nunciatura Apostólica – representação diplomática do Vaticano, indo posteriormente para o México, terminando na França, onde ficou exilado até poder retornar ao Brasil na segunda metade dos anos 80, o que prova a limitação e o alcance da anistia no Brasil.


Logo após o retorno do exílio Thedomiro Romeiro dos Santos fez vestibular para Direito e hoje é juiz do Trabalho em Recife, Estado de Pernambuco.


A anistia da forma mesquinha como foi aprovada pelo Congresso Nacional, atingiu apenas os militantes presos ou exilados condenados apenas por um dos artigos da Lei de Segurança Nacional, era o artigo 43 que considerava crime organizar ou tentar reorganizar partidos ou organizações postas na clandestinidade. A pena prevista era de 2 a 5 anos de reclusão. Isso, na prática, significava que apenas uns pouco militantes presos seriam postos em liberdade, e todos os demais continuariam presos; mas como o governo militar resolveu fazer política e não apenas reprimir matando e torturando, criou uma nova Lei de Segurança Nacional reduzindo significativamente as penas previstas na Lei anterior.


Com as reduções e adequação das penas, com base na nova Lei, a grande maioria dos presos políticos pode requerer a liberdade condicional na medida em que, também, esta mesma maioria já estava presa a mais de 9 anos. Só assim, efetivamente, os cárceres da ditadura começaram a se esvaziar, passando a imagem da conquista da anistia tão buscada pelo povo brasileiro naquele tempo.


E é justo, por isso, que até hoje, trinta anos depois, ainda estejamos discutindo o verdadeiro alcance da Lei de Anistia.


Hoje são os torturadores que buscam ser alcançados pela Lei da Anistia, esquecendo e tentando enganar a todos, principalmente as suas vítimas, mas não podem minimizar o fato de que a tortura é crime hediondo, imprescritível e considerado de lesa humanidade.


* Augusto de Paula é Advogado e militante na luta pelos direitos humanos e um dos fundadores do Comitê Brasileiro pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita na Bahia.


REFERÊNCIAS


Lei da Anistia – Lei 6.683 de 28 de agosto de 1978


Decreto-Lei n. 898 de 29 de setembro de 1969 ( Lei de Segurança Nacional )


Lei n. 6.620 de 17 de dezembro de 1978 ( Nova Lei de Segurança Nacional )


sexta-feira, 9 de julho de 2010

SERVIDOR OU TRABALHADOR PÚBLICO?


As relações sociais senhorias por trás do trabalho judiciário: servidor ou trabalhador público? – parte 1


A assimetria das relações sociais dentro das instituições estatais é grande e persistente, apesar de mudanças trazidas com a constitucionalização do direito à sindicalização dos trabalhadores públicos, quando estes começaram a se organizar como categoria ocupacional. Durantes esses anos houve grandes transformações no mundo da produção e do trabalho que abalaram, em parte, os conceitos de profissão, categoria ocupacional e classes sociais. Contudo, permanece intacto o conceito de três séculos: a sociedade moderna é uma sociedade de classes, capitalista, assentada na compra do trabalho.


Os trabalhadores do setor de serviços no geral e, em particular, os trabalhadores do judiciário, têm merecido pouca atenção dos estudiosos em ciências políticas e sociais; provavelmente, por exercerem atividades terciárias; parece, em princípio, que seus trabalhadores, com pouco história de organização e luta, não têm ainda potencial político e ideológico suficiente, de pressão, para alterar radicalmente as relações sociais do mundo contemporâneo, ainda que em países industrializados como o Brasil, a população de trabalhadores de serviços – onde estão inseridos os serviços públicos – seja o dobro da população de trabalhadores nas atividades de transformação. Essa desatenção para com os trabalhadores de serviços inclui os trabalhadores públicos que reúnem categorias ocupacionais numerosas, técnica e socialmente importantes, como a de profissionais da educação, da saúde, da segurança e da justiça.

Lembrando que o Estado inculcou na mente dos seus trabalhadores que eles não são iguais aos trabalhadores que vendem força de trabalho nas atividades de transformação; conseqüentemente, não comporiam com eles uma mesma classe social, posto serem agentes do Estado, concepção ideológica e residual de casta ou estamento de classe([i] (ver, HIRANO, S. Castas, Estamentos e Classes Sociais: introdução ao pensamento sociológico de Marx e Weber. 3ª Ed. Campinas: Unicamp, 2002), onde pontificam hierarcas com togas, becas e uniformes que, não raramente funcionam como guarda pretoriana. A herança escravocrata contribuiu muito para induzir essa ideologia de servidão nos serviços públicos brasileiros.

O patronato e seus tecnocratas, incrustados no aparelho estatal, sabem disso, tanto que fazem de tudo para impedir a tomada de consciência dos trabalhadores públicos, aliciando-os com cargos em comissão, adicionais de função e penduricalhos de todos os tipos. Contudo, apesar de "prêmios" e retaliações que amarram muitos trabalhadores públicos à condição de servidão, eles vêm se identificando na ação e ideologicamente como classe trabalhadora e rompendo com a subalternidade extremada. A ação adotada pela cúpula do Tj-BA no corte do ponto da última foi reveladora dessa relação autoritaria e patronal para com os trabalhadores do judiciário baiano.

Por Antemar Campos - bacharel em Sociologia e licenciado em Ciências Sociais pela UFBA.

8.000 FORMIGAS, 2.500 CIGARRAS E 1 ABELHA RAINHA


As formigas achavam que podiam, mas podiam o que?

As cigarras podiam e sabiam que as formigas queriam poder.

A abelha rainha queria que as formigas trabalhassem e só as cigarras ganhassem.

As formigas se rebelaram, se sentiram fortes e as cigarras não gostaram.

A abelha rainha nada podia fazer.

Mas algumas formigas, que também eram cigarras mostraram à abelha rainha os pontos fracos das formigas.

As formigas foram exterminadas no seu formigueiro, traídas pelas suas “iguais” que eram cigarras disfarçadas de formiga e com ferrões de abelha enormes e muito afiados.

MORAL DA HISTÓRIA: ABELHA RAINHA MANDA, CIGARRAS PUXAM O SACO DE MEL E FORMIGAS TRABALHAM E TOMAM FERROADAS POR TODOS OS LADOS.


AUTOR DESCONHECIDO

terça-feira, 6 de julho de 2010

ASSÉDIO MORAL – UMA FACE OBSCURA DO SUJEITO


Mariliana Campelo Viana de Freitas[1]


Os blocos do saber – literário e científico, estão se desintegrando e como afirma o filósofo francês Jean-François Lyotard[2], “o que falta nas sociedades pós-modernas é a legitimação do verdadeiro e do justo”, também declara que depois da revolução industrial e da circulação das imagens e dos sons, é a aceleração vertiginosa dos saberes que modifica nossa atual vida cotidiana.

A racionalidade ainda assume a maior parte do comando nas relações sociais e pessoais do homem civilizado, entretanto, a garantia de justiça buscada na força da razão tem assumido aspectos perversos, principalmente no trabalho. Estamos perdendo a naturalidade em nosso convívio humano. A razão, sem o contraponto da emoção, do sentimento, produz um homem incompleto e infeliz.

A visão parcial do homem e do seu mundo provoca um desequilíbrio em nossas concepções e recria a realidade a partir desta parcialidade, resultando em distorções na condução da verdade, onde apreendemos apenas o que nos favorece, alimentando um ambiente altamente competitivo.

Podemos verificar em nosso cotidiano que para uma palavra dita inapropriadamente ou atitude inconveniente e espontânea, há um desdobramento possível de enquadramento coercitivo, capaz de impedir a fruição das relações em um patamar sereno, leve, de respeito, e propício para a criatividade e crescimento do indivíduo, consequentemente, acaba travando as possibilidades de desenvolvimento saudável seja no trabalho ou nas outras áreas de realização humana.

A partir dessas considerações, não temos dúvida da vitória que representa para a saúde física e mental do trabalhador, o reconhecimento da existência de práticas de caráter humilhante e de subjugação nas relações de trabalho, denominadas como assédio moral ou terror psicológico, possibilitando às vítimas deste expediente, uma saída judicial para o conflito instalado, principalmente o conflito psicológico, que assume proporções cruéis, chegando à destruição da autoestima do assediado, incapacitando-o, inclusive para o desenvolvimento do seu trabalho.

A denúncia se apresenta como a melhor saída para inibir tais humilhações e adoecimento psicológico, apesar de ser uma atitude difícil para o trabalhador pela própria fragilidade resultante desse processo, e ainda pela forma sutil, embora deliberada, utilizada pelo agressor.

O assédio moral se dá a partir de ações sistemáticas, muitas vezes dissimuladas no início, colocam o trabalhador em situações vexatórias com a intenção de baixar a autoestima, desestabilizar emocional e profissionalmente a vítima, suscitando dúvidas quanto à capacidade para a realização das tarefas. Segundo psicanalistas, médicos, psicólogos e estudiosos do assunto, o assédio moral é “uma conduta abusiva, adotada por palavras, gestos ou atitudes, que, intencional e frequentemente, atinge a dignidade e a integridade física e/ou psíquica da vítima, ameaçando seu emprego e degradando o ambiente de trabalho[3]”.

Em artigo intitulado Mobbing – Violência Psicológica no Trabalho[4], a Juíza do Trabalho substituta da 5ª Região (BA), Márcia Novaes, afirma que em não sendo uma ação singular nem um conflito generalizado, o assédio moral não está configurado nos atos praticados pelo empregador relativos ao poder de comando e aqueles com propósito de acompanhar e fiscalizar a execução dos serviços, ainda esclarece que o terror psicológico é uma estratégia, uma ação sistemática, estruturada, repetida e duradoura. Assim, percebemos a ambivalência da configuração do assédio, por abrir um vértice para além da compreensão de que ele ocorre necessariamente na ordem do chefe para o subordinado, ele pode ocorrer em ordem inversa, ou ainda entre iguais.

Ponderamos que os conflitos se situam no espaço intersubjetivo das relações humanas, construído pelas subjetividades dos envolvidos (agressor e vítima), e sua configuração e limites se darão, a partir do momento em que, pelos sintomas e sinais mencionados anteriormente, eleve-se ao nível de consciência individual e coletiva, oportunizando a denúncia dessa prática perversa, independentemente de função ou cargo que esteja exercendo a dupla envolvida.

Voltando a Lyotard, observamos que a queda dos metarrelatos da modernidade forjou o surgimento de um sujeito desbussolado, vazio e hedonista, o neoindividualista, e esse sujeito, que pode ser a vítima ou o agressor no caso de assédio moral, está distante da sua própria realidade em face do mundo recriado a partir do discurso capitalista e suas necessidades consumistas, estimuladas e divulgadas através de estratégias midiáticas.

A competitividade está colocada em todas as situações onde o homem busca se realizar. Os padrões de sucesso e êxito disseminados atualmente estimulam os egos narcisistas a buscarem o imediato prazer, de forma que a sua frustração não está sendo suportada, desdobrando-se em atitudes de reafirmação perante aqueles que lhe são subordinados, ou perante aqueles que representam ameaça ou empecilho à realização dos seus desejos, conscientes ou não, de forma que os tratamentos verbais depreciativos, atitudes de intimidação extrema e comentários maldosos podem ser elementos também utilizados para traduzir o estado primitivo do sujeito na prática cruel do assédio.


[1] Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade Salgado Oliveira (UNIVERSO) e Psicanalista em formação pelo Centro de Estudos Especializados Psicanalíticos (CEEP).

[2] LYOTARD, Jean-François. A condição Pós-Moderna, tradução de Ricardo Corrêa Barbosa; posfácio: Silvano Santiago, 6ª Ed., Rio de Janeiro: José Olimpio, 2000.

[3]Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde. Cartilha sobre Assédio Moral no Trabalho Reaja e Denuncie. Brasília-DF, 2007.

[4] Citado na Cartilha sobre Assédio Moral no Trabalho, editada pela CNTS, em 2007.

sábado, 3 de julho de 2010

SOMBRAS


Gira, gira

Gira mundo

Zumbido zumbindo, nauseante

Desencanto, enquanto me encanto

No ego consumo meu ser

Não desejo desejar-te

Vida sem vida, sem gente

Dessas que encanta e desencanta a gente

Simplicidade fugindo

E no orgulho mergulho

A raiva do mundo

Que existe em mim.

(Mariliana)

SOBRE PESSOAS E SONHOS


Com a perna no mundo, seguimos...

E o que encontramos?

Pessoas, lugares,

Sentido de existir

Assim, encontramos colegas

Fizemos amigos

E nos sentimos parte de algo grandioso.

Poder estar e aproximar, ouvir, colaborar

Ser empático e transformar

Assim nos sentimos...

Com a perna no mundo

E com a possibilidade de melhorá-lo

Porque somos homens e mulheres na luta

Pais, mães, filhos

Seres humanos em constante evolução

Nessa busca incessante por dias melhores

(Mariliana)